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O DOSSIÊ “Os financiadores da boiada: como as multinacionais do agronegócio sustentam a bancada ruralista e patrocinam o desmonte socioambiental” revela a complexa rede de influência política e econômica por trás do Instituto Pensar Agro, um think tank mantido por associações do agronegócio, que tem como único propósito prestar assessoria técnica e legislativa à Frente Parlamentar da Agropecuária, o grupo de lobby mais poderoso do Congresso Nacional. A investigação aponta a participação direta de multinacionais da Europa, Estados Unidos e Leste Asiático no lobby ruralista, atuando em conjunto para pressionar por políticas favoráveis ao setor, bem como projetos de lei que impactam os direitos de povos e comunidades tradicionais, facilitam a aprovação de agrotóxicos e flexibilizam leis ambientais e sanitárias. Sob o governo de Jair Bolsonaro, este lobby alcançou um nível inédito de influência. Líderes do agronegócio e executivos de multinacionais como JBS, Bayer, Basf, Syngenta (ChemChina), Nestlé, Cargill, Bunge e LDC se reúnem regularmente com secretários do Ministério da Agricultura e servidores do alto escalão, enquanto movimentos sociais são completamente ignorados pelo governo. |
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DESTAQUES DO RELATÓRIO • A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) compõe o lobby mais poderoso do Congresso; controla metade da Câmara e do Senado. • O Instituto Pensar Agro (IPA) é um think tank que assessora a FPA e a conecta com o setor privado. Produz minutas e relatórios para os Projetos de Lei antiambientais submetidos por políticos da FPA, como os PLs do Veneno, do Licenciamento Ambiental e da Mineração em Terras Indígenas. • A estrutura do IPA é mantida por 48 associações do agronegócio, que contribuem com um valor mensal para apoiar as despesas de lobby. Esta estrutura inclui uma mansão no Lago Sul, onde os políticos da FPA recebem membros do governo e empresários durante almoços semanais, às terças. • Essas associações reúnem mais de mil empresas e 69 mil produtores rurais de diferentes setores, como soja, milho, algodão, cana, frigoríficos, papel e celulose, citricultura, laticínios, cervejarias, agrotóxicos, sementes transgênicas, biocombustíveis, além do setor financeiro. • As multinacionais são as líderes ocultas por trás do lobby do agronegócio: JBS, Basf, Cargill, Bayer, Syngenta, Nestlé, Bunge e LDC são afiliadas a múltiplas associações, onde ocupam cargos executivos e de liderança. • Durante o governo de Jair Bolsonaro, executivos do IPA e políticos da FPA se reuniram pelo menos 160 vezes com servidores do Ministério da Agricultura, incluindo 20 audiências com a ministra Tereza Cristina, ex-presidente da FPA. • A multinacional Syngenta se reuniu 81 vezes com servidores do Mapa; o frigorífico JBS, 75; e a fabricante de pesticidas Bayer, 60. Elas são seguidas por Basf, com 26 reuniões; Nestlé, com 23; e Cargill, com 13. • Líder no mercado brasileiro de agrotóxicos, a alemã Bayer manteve 16 reuniões com o Mapa fora do registro oficial, isto é, sem aparecer na agenda oficial de autoridades do governo. A companhia conseguiu uma audiência direta com Bolsonaro e contou com a participação de Tereza Cristina em vídeo institucional. • A suíça Syngenta, comprada em 2016 pela estatal ChemChina, manteve relações comerciais com o deputado Luiz Nishimori (PL-PR), relator do PL do Veneno, cujo parecer favorável ao projeto que flexibiliza leis sobre agrotóxicos, foi aprovado em fevereiro de 2022 na Câmara. • Os fundos internacionais Blackrock, JP Morgan Chase, Bank of America, Barclays e o banco Santander investiram R$ 1,47 trilhão em empresas ligadas ao IPA. |
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QUEM SOMOS De Olho nos Ruralistas é uma organização sem fins lucrativos dedicada à pesquisa e produção jornalística sobre o agronegócio no Brasil. De seus impactos sociais e ambientais. Do desmatamento à expulsão de camponeses, da comida com agrotóxicos à violação de direitos dos povos indígenas. Fundado em 2016, enquanto site, e formalizado como associação privada em 2017, o observatório é coordenado pelo jornalista Alceu Luís Castilho, autor de “Partido da Terra – como os políticos conquistam o território brasileiro” (Contexto, 2012). |
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