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Sputnik – Uma língua, chamada Elamita Linear e usada há cerca de 4.000 anos, teria sido decifrada quase na sua totalidade, depois que um pesquisador estudou vasos de prata preservados até hoje.
A antiga língua Elamita Linear, usada no Oriente Médio nos milênios III e II a.C., foi finalmente decifrada, segundo um estudo publicado na revista Zeitschrift fur Assyriologie und vorderasiatische Archaologie.
A língua, e o mais antigo conhecido sistema de escrita puramente fonográfico, surgiu não mais tarde que cerca de 2150 a.C., na cidade de Susa, sudoeste do Irã moderno. No início do século XX, arqueólogos franceses descobriram as primeiras evidências de um sistema de escrita tão ou mais antigo que o sumério, mas apenas foram encontrados 40 documentos do Elamita Linear, todos no Irã.
Ao longo dos anos também foram descobertas centenas de inscrições do Proto-Elamita, que parece ter caído em desuso centenas de anos antes, mas sua relação com o Elamita Linear ainda não foi confirmada.
François Dessert, acadêmico da Universidade de Teerã, realizou uma análise metalúrgica dos vasos de prata do Elamita Linear, “os exemplos mais antigos e completos de inscrições reais de Elamite em cuneiforme”, e os descreveu em declarações ao jornal israelense The Jerusalem Post como “prêmio máximo”, porque foi com eles que conseguiu decifrar o conteúdo da língua.
Isso foi possível devido a pertencerem a duas dinastias e chefes de Estado diferentes, com muito material para comparação. No entanto, o estudo menciona que ainda não conseguiram decifrar quase 4% dos símbolos conhecidos do sistema de escrita.
“Esta é uma das maiores descobertas arqueológicas das últimas décadas. Foi baseada na mesma abordagem da descoberta de Champollion: identificar e ler foneticamente os nomes dos reis”, disse Massimo Vidale, um arqueólogo da Universidade de Pádua, Itália, não envolvido na pesquisa, em referência a Jean-François Champollion, um filólogo francês que decifrou os hieróglifos egípcios durante a campanha militar de Napoleão no país entre 1798 e 1801.
“O argumento é claro, coerente e plausível”, concluiu Piotr Steinkeller, um assiriologista da Universidade de Harvard, EUA, que está “bastante convencido” pela decifração, a qual saudou igualmente como “uma grande conquista”. Manfred Krebernik, especialista em Estudos do Oriente Médio na Universidade de Jena, Alemanha, também considerou o estudo de Desset “convincente na maior parte”.