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Sputnik – Mídia libanesa publicou supostos documentos da época da administração norte-americana de Donald Trump, que delineou cooperação entre os membros, mas com muitos a considerando favorecedora de Washington.
O jornal libanês Al-Akhbar publicou o que diz ser um conjunto de documentos altamente secretos que revelam uma tentativa da administração do ex-presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021) de convencer seus parceiros do Oriente Médio a formar uma aliança unida anti-iraniana, que fracassou.
As nove publicações são em idioma árabe, e incluem documentos de política e atas de reuniões, com a mídia sugerindo que podem ser apenas as primeiras de uma série de vazamentos de documentos confidenciais de política no Oriente Médio liderada por Trump, formalmente conhecida como a Aliança Estratégica do Oriente Médio (MESA, na sigla em inglês), sendo também referida como a OTAN árabe.
Os documentos, cuja autenticidade ainda não foi confirmada independentemente, indicam que desde sua primeira visita ao Oriente Médio em maio de 2017, Trump procurou atrair parceiros para formar uma frente anti-iraniana, aliviando o fardo do desafio de segurança nos EUA, e “ordenhando” as nações locais, forçando-as a comprar grandes quantidades de equipamento militar fabricado nos EUA. A Arábia Saudita teria sido a maior apoiadora do projeto.
No entanto, os documentos revelam que esperanças exageradas e desacordos entre possíveis membros da aliança acabaram se mostrando insolúveis, mesmo para Riad, devido à falta de um equivalente ao Artigo 5 da OTAN, que obriga os outros Estados-membros a ajudar um outro membro em caso de ataque, e particularmente por Washington não se comprometer necessariamente com a defesa, e apenas se limitar a “consultas de segurança”.
Segundo um documento político de 4 de julho de 2019, a proposta da MESA “alcança benefícios importantes para os Estados Unidos sem lhe impor nenhum ônus, ao mesmo tempo que alcança benefícios muito limitados para outros países, incluindo o Reino [Saudita]”.
Uma ata de outra reunião dos Estados do Golfo, incluindo a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Omã, datada de 19 de fevereiro de 2019, também indicava a irritação de Riad pela falta de garantias de segurança norte-americanas.
A delegação saudita comentou que “não há compromisso do lado americano”, e “não oferece nenhum benefício aos Estados-membros”, enquanto os Emirados Árabes Unidos (EAU) disseram que o ônus financeiro recaía principalmente sobre os membros árabes.
A delegação de Bahrein afirmou em uma reunião de 19 de fevereiro de 2019 que devia haver uma “garantia de que os Estados Unidos não abandonarão esta aliança, pois se retiraram do acordo nuclear iraniano”.
Além disso, segundo os documentos, membros como Arábia Saudita, Omã e Jordânia demonstraram focos diferentes, com ênfase militar por parte de Riad e econômica por Mascate. Ao mesmo tempo, Amã apoiou a visão original de Trump, com cooperação nas áreas militares, políticas, econômicas e energéticas.