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ORIENTE MÉDIO E ÁFRICA
Sputnik – O acordo de Doha, assinado em fevereiro de 2020, previa que as forças da OTAN deixassem o Afeganistão até maio de 2021, mas os EUA adiaram o prazo até o 20º aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001.
O Talibã (organização terrorista, proibida na Rússia e em vários outros países) advertiu os EUA e seus aliados da OTAN para não retirarem as tropas do Afeganistão depois do prazo de 11 de setembro de 2021, que Washington impôs a si mesmo. Caso contrário, as tropas serão tratadas como “forças de ocupação”, afirmou Suhail Shaheen, porta-voz do Talibã, em entrevista à BBC, publicada nesta segunda-feira (5).
“Se [a OTAN] deixar para trás suas forças contra o acordo de Doha, nesse caso, caberá à nossa liderança decidir como vai proceder. Nós reagiríamos e a decisão final é com nossa liderança”, advertiu.
O acordo concluído em fevereiro de 2020 em Doha, Catar, sob a administração de Donald Trump, previa que as forças da Aliança Atlântica deixassem o Afeganistão até o fim de abril de 2021, antes de ser adiado até 11 de setembro do mesmo ano pela nova administração de Joe Biden.
Diante disto, Shaheen saudou que os EUA tivessem abandonado a base aérea de Bagram, que há muito tempo serve como base de operações para a OTAN. O porta-voz do Talibã observou, no entanto, que as embaixadas, diplomatas e instituições de caridade estrangeiras não seriam tratadas como ocupantes e, portanto, não seriam alvo.
Fricção intra-afegã e estrangeira no Afeganistão
À medida que os EUA e seus aliados retiram gradualmente as tropas, o Talibã está supostamente expandindo seu controle sobre o território do Afeganistão, tendo, até o momento, capturado cerca de um terço do país. Apesar disso, o chefe do grupo alega que não tem nenhum objetivo de tomar a capital Cabul, com a qual vem negociando sem sucesso há menos de um ano.
Washington ainda não revelou uma decisão oficial se pretende sair por completo do país asiático. De acordo com um artigo de domingo (4) da emissora CNN, a Casa Branca planeja continuar ataques aéreos contra o Talibã, a favor das forças de segurança do governo afegão.
Além disso, os EUA poderiam continuar sua prática de atacarem terroristas suspeitos no Afeganistão através de drones. Atualmente, o país é designado como uma zona de combate, o que significa que a CIA e os militares norte-americanos têm ampla autoridade para realizar ataques aéreos que não requerem autorização da Casa Branca ou do presidente Biden.