Atos que reinvindicam fidelidade à Palestina vêm sendo reforçados desde o ano passado, quando países como EAU e Bahrein normalizaram relações com Israel [Jaafar Ashtiyeh/AFP]
A Federação Áraba Palestina do Brasil – FEPAL quer países árabes e de maioria islâmica que mantêm relações com Israel rompam com o regime israelense para forçá-lo a cessar a agressão aos palestinos e reconhecer a Palestina como estado soberano.
Os pedidos foram endereçados em cartas enviadas à Liga dos Estados Árabes e à Organização para a Cooperação Islâmica, bem como diretamente aos países árabes que têm relações diplomáticas ou vivem processo de normalização com Israel (Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão) e à Turquia, neste caso por ser país de maioria islâmica no Oriente Médio.
Na carta a entidade palestino-brasileira diz que a Palestina “vive 73 anos de ocupação, genocídio, limpeza étnica e apartheid, hoje agravados por violência sem igual de Israel contra o povo palestino, em pleno mês de Ramadã”, e que, por isso, somente com uma nova visão árabe e islâmica será possível dobrar Israel no caminho do reconhecimento da Palestina.
Para a FEPAL, é também motivo para que estes países rompam suas relações com Israel o fato de Jerusalém estar “sob processo de despalestinização, desislamização e descristianização, para sua integral judaização”, assim como Gaza viver “experimento genocida a distância”, alusão ao bloqueio a essa faixa costeira palestina que vive bloqueio israelense desde 2007.
Além do rompimento das relações diplomáticas e econômicas, os palestino-brasileiros querem que estes países apoiem a “resistência pacífica do povo palestino”, pressionem para que o Tribunal Penal Internacional “acelere e aprofunde as investigações dos crimes de guerra e de lesa humanidade de Israel”, adotem a ação global que pede por “boicote, desinvestimento e sanções a Israel” e, por fim, que façam pressões diplomáticas para que EUA e outros países condenem Israel por seus crimes na Palestina.
Segundo o presidente da FEPAL, Ualid Rabah, foram exatamente estas ações que levaram ao fim de regimes sanguinários, dentre eles o da África do Sul do apartheid. “Enquanto persistirem o silêncio da comunidade internacional e o veto dos EUA no Conselho de Segurança da ONU, garantindo a impunidade de Israel, não haverá solução e os crimes na Palestina e na região não terão fim”, argumenta.
Rabah considera, ainda, que os países que selaram a paz com Israel não obtiveram nenhum benefício real disso e o mesmo acontecerá com os países da região que hoje flertam com a normalização com o regime israelense. Além do mais, pondera Rabah, esses processos de paz não levaram a paz à Palestina, como se supunha. “Ao contrário, Israel aumentou a ocupação e os crimes na Palestina, bem como aumentou suas ações de guerra e de interferência nos assuntos de todos os países da região, com processos desestabilizadores que hoje custam centenas de milhares de vidas”, diz presidente da FEPAL.
Para o dirigente palestino-brasileiro, esses acordos de paz ou de normalização nunca levaram a uma verdadeira pacificação entre Israel e os países árabes que os assinaram. Em sua visão, basta ver como reagem os povos dos países árabes em relação a isso. “Um turista israelense praticamente se esconde no Egito ou na Jordânia, o que nos leva a perguntar que tipo de paz é essa”, questiona.
De acordo com dados da Agência Palestina Wafa, até o momento 236 palestinos foram assassinados por Israel, com 6.278 feridos. Entre os mortos estão 61 crianças e 36 mulheres.
Fonte: FEPAL