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Sputnik – Um dos Manuscritos do Mar Morto teve a autoria de dois escribas com estilos de escrita semelhantes, e não de um, como era acreditado antes, concluiu uma pesquisa.
O Grande Pergaminho de Isaías, um dos Manuscritos do Mar Morto, foi escrito por dois escribas, em vez de um, determinaram pesquisadores da Universidade de Groningen, nos Países Baixos.
Devido a não se saber quem ou quantas pessoas escreveram os manuscritos, os pesquisadores usaram inteligência artificial (IA) e estatísticas para investigar o bem-preservado Grande Pergaminho de Isaías, datado de cerca de 125 a.C., que contém três metros de comprimento, 26 centímetros de altura, e 54 colunas de texto hebraico, escreve o portal Live Science.
O manuscrito, já foi debatido de ter ou não mais que um escriba, e uma evidência desse processo foi encontrada entre as colunas 27 e 28, com uma pequena quebra no texto e uma nova “página”, onde duas folhas foram costuradas juntas, mas faltava saber se poderia se tratar de “variações normais na caligrafia de um escriba ou de textos similares de dois escribas diferentes”, indicou o estudo publicado na revista PLOS One.
Para descobrir qual é o caso, os pesquisadores projetaram um algoritmo que distingue o texto do pano de fundo, criando uma rede neural que aplicaria aprendizagem profunda, incluindo os traços de tinta originais do manuscrito.
“Isto é importante porque os traços de tinta antiga estão diretamente relacionados ao movimento muscular de uma pessoa, e são específicos de uma pessoa”, disse Lambert Schomaker, pesquisador sênior e professor de ciência da computação e inteligência artificial na Universidade de Groningen.
Após algumas análises, o exame da rede neural dividiu as colunas em dois grupos distintos, que dividem o texto mais ou menos entre duas pessoas.
Segundo a pesquisa, as diferenças na caligrafia entre os dois escribas eram tão pequenas, que não eram visíveis a olho nu. Os cientistas teorizam que os autores do manuscrito receberam treinamento semelhante, talvez em uma escola ou em um ambiente social próximo.
Assim, a descoberta revela que os antigos escribas “trabalhavam em equipe”, disse Mladen Popovic, professor da Bíblia hebraica e do antigo judaísmo na Universidade de Groningen, e diretor do Instituto Qumran nessa instituição. Além disso, a pesquisa “não é apenas uma conjectura, mas baseada em evidências agora”, acrescentou.
Os Manuscritos do Mar Morto, os mais antigos textos remanescentes da Bíblia hebraica, foram originalmente descobertos por um jovem pastor nos finais dos anos 1940 em uma caverna em Qumran, na Cisjordânia, quando este estava procurando um bode perdido. Durante a década seguinte, pesquisadores e beduínos locais encontraram mais de 900 manuscritos em 11 cavernas, datados desde o séc. IV a.C. até o séc. II d.C.