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Sputnik – Pouco depois de o Talibã tomar o poder no Afeganistão em meados de agosto, ele estabeleceu um governo provisório que não foi reconhecido pela maioria das nações. Além disso, os ativos do Banco Central Afegão foram congelados pelos EUA e a ajuda financeira do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional foi suspensa.
O governo do Talibã (organização sob sanções da ONU por atividade terrorista) no Afeganistão busca manter boas relações com todas as nações e “não ter problemas” com os Estados Unidos, disse o ministro das Relações Exteriores afegão, Amir Khan Muttaqi, em entrevista à Associated Press.
De acordo com Muttaqi, o Talibã mudou desde seu período anterior no poder (de 1996 a 2001) e está pronto para fazer mudanças que beneficiem a nação e encorajem os EUA e outros países a “mudar lentamente sua política em relação ao Afeganistão“.
“Vocês são uma grande, grande nação e devem ter paciência suficiente e um grande coração para ousar fazer políticas em relação ao Afeganistão com base nas regras internacionais e discriminação, e acabar com as diferenças e diminuir a distância entre nós e escolher boas relações com Afeganistão”, disse Muttaqi, referindo-se aos Estados Unidos.
Ele também exortou os EUA, junto com outras nações, a descongelar os US$ 10 bilhões (mais de R$ 56 bilhões) em fundos afegãos, dizendo que “as sanções contra o Afeganistão […] não teriam nenhum benefício”.
No início da semana, os doadores do Banco Mundial concordaram em transferir US$ 280 milhões (aproximadamente R$ 1,6 bilhão) do congelado Fundo Fiduciário de Reconstrução do Afeganistão (ARTF, na sigla em inglês) para vários programas humanitários para oferecer apoio vital à nação da Ásia Central. O Banco Mundial também se comprometeu a continuar trabalhando para liberar fundos adicionais para ajudar o povo afegão.
Em uma tentativa de compensar os extremos do período anterior do Talibã no poder, o grupo está pronto para introduzir mais reformas, uma vez que “fez progressos” desde a última vez que esteve no poder, de acordo com Muttaqi.
O chefe da diplomacia apontou que as meninas e mulheres no Afeganistão agora podem frequentar a escola até ao 12º ano em dez das 34 províncias do país e que todas as mulheres anteriormente empregadas no setor da saúde estão de volta ao trabalho.
O ministro das Relações Exteriores insistiu que esses acontecimentos mostram que o Talibã está “comprometido por princípio com a participação das mulheres“.
O Talibã não descarta a possibilidade de mulheres participarem do governo. No início de dezembro, o grupo apresentou um decreto sobre os direitos das mulheres, reconhecendo que as mulheres não são propriedade e não podem ser forçadas ao casamento.
Além disso, o ministro das Relações Exteriores observou a anistia geral que os militantes ofereceram aos seus oponentes em vez de persegui-los. Embora a maior parte do anterior governo afegão apoiado pelos EUA tenha fugido do país, Muttaqi afirmou que alguns agora residem pacificamente na capital Cabul.
Alguns ex-intérpretes afegãos que trabalharam com os Estados Unidos ou outros países ocidentais, no entanto, afirmam que ainda não se sentem seguros no país, apesar da anistia declarada pelo Talibã.
Uma dessas pessoas, que desejou ser identificada apenas por seu primeiro nome, Faridon, compartilhou antes sua história com a Sputnik. Segundo ele, a declaração de anistia é “apenas uma promessa“, já que o Talibã “continua invadindo as casas das pessoas e matando cidadãos afegãos que fizeram esse trabalho [interpretação, ajuda aos militares dos EUA, etc.] todos os dias”.