© AP Photo / Gali Tibbon
Sputnik – Ex-espião fez revelações sobre seu trabalho no Mossad apenas uma semana depois de deixar seu posto, enquanto normalmente esses detalhes se tornam públicos anos ou mesmo décadas depois que os eventos ocorrem.
Yossi Cohen, ex-chefe da agência de inteligência e espionagem israelense Mossad, que se aposentou na semana passada, deu uma extensa entrevista na qual detalhou uma abundância de informações sobre suas contribuições e as da agência nas operações do país nos cinco anos que ele dirigiu a agência.
Cohen compartilhou detalhes sobre uma operação israelense em 2018 que resultou, como afirma Tel Aviv, na obtenção de documentos iranianos que supostamente provavam que Teerã buscava desenvolver armas nucleares.
“Foi importante para nós que o mundo visse isto, mas isto também afeta a liderança iraniana, dizendo-lhes: ‘Queridos amigos: primeiro, vocês têm um infiltrado. Segundo, estamos observando vocês. Terceiro, a era das mentiras acabou”, disse Cohen, citado pela agência AP nesta sexta-feira (11).
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu revelou os arquivos roubados em uma coletiva de imprensa, afirmando que tais documentos eram a prova de que o Irã estava a tentar produzir secretamente armas nucleares, acusação negada pela República Islâmica.
Segundo ex-espião, os agentes do Mossad se infiltraram nas instalações, abriram 32 cofres e saíram do Irã com 50.000 documentos e 163 discos rígidos.
© AFP 2021 / DON EMMERT
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fala sobre o programa nuclear iraniano na ONU
Ataque em usina nuclear
Em julho de 2020, uma explosão misteriosa destruiu a montagem da centrífuga avançada na instalação nuclear de Natanz, que o Irã mais tarde atribuiu a Israel. Em abril deste ano, outra explosão destruiu uma das salas de enriquecimento subterrâneas da usina.
Falando sobre Natanz, a entrevistadora perguntou a Cohen para onde os levaria se pudessem viajar para lá, ele o ex-espião respondeu: “Para o porão onde as centrífugas costumavam girar […] não parece [estar] como costumava”.
Cohen não reivindicou diretamente os ataques, mas sua especificidade ofereceu o reconhecimento mais próximo de uma mão israelense nos ataques, comenta a AP.
A entrevistadora deu ainda uma descrição detalhada de como Israel infiltrou os explosivos nos corredores subterrâneos de Natanz.
© REUTERS . HANDOUT
Imagem de satélite mostra a central nuclear de Natanz, no Irã, após incêndio (arquivo)